terça-feira, 4 de março de 2008

Declaração Doutrinária Parte II

DECLARAÇÃO DOUTRINÁRIA DA CONVENÇÃO BATISTA BRASILEIRA Parte II

III – O Homem
Por um ato especial, o homem foi criado por Deus à sua imagem e conforme à sua semelhança e disso decorrem o seu valor e dignidade.1 Seu corpo foi feito do pó da terra e para o mesmo pó há de voltar.2 Seu espírito procede de Deus e para ele retornará.3 O Criador ordenou que o homem domine, desenvolva e guarde a obra criada.4 Criado para a glorificação de Deus.5 Seu propósito é amar, conhecer e estar em comunhão com seu Criador, bem como cumprir sua divina vontade.6 Ser pessoal e espiritual, o homem tem capacidade de perceber, conhecer e compreender, ainda que em parte, intelectual e experimentalmente, a verdade revelada, e tomar suas decisões em matéria religiosa, sem mediação, interferência ou imposição de qualquer poder humano, seja civil ou religioso.7
1. Gên. 1:26-31; 18:22; 9:6; Sal. 8:1-9; Mat. 16:26
2. Gên. 2:7; 3:19; Ecl. 3:20; 12:7
3. Ecl. 12:7; Dan. 12:2,3
4. Gên. 1:21; 2:1; Sal. 8:3-8
5. At. 17:26-29; I João 1:3,6,9
6. Jer. 9:23,24; Miq. 6:8; Mat. 6:33; João 14:23; Rom. 8:38,39
7. João 1:4-13; 17:3; Ecl. 5:14,17; I Tim. 2:5; Jó. 19:25,26; Jer. 31:3; At. 5:29; Ez. 18:20; Dan. 12:2; Mat. 25:32,46; João 5:29; I Cor. 15; I Tess. 4:16,17; Apoc. 20:11-30

IV – O Pecado
No princípio o homem vivia em estado de inocência e mantinha perfeita comunhão com Deus.1 Mas, cedendo à tentação de Satanás, num ato livre de desobediência contra seu Criador, o homem caiu no pecado e assim perdeu a comunhão com Deus e dele ficou separado.2 Em conseqüência da queda de nossos primeiros pais, todos somos, por natureza, pecadores e inclinados à prática do mal.3 Todo pecado é cometido contra Deus, sua pessoa, sua vontade e sua lei.4 Mas o mal praticado pelo homem atinge também o seu próximo.5 O pecado maior consiste em não crer na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, como salvador pessoal.6 Como resultado do pecado, da incredulidade e da desobediência do homem contra Deus, ele está sujeito à morte e à condenação eterna, além de se tornar inimigo do próximo e da própria criação de Deus.7 Separado de Deus, o homem é absolutamente incapaz de salvar-se a si mesmo e assim depende da graça de Deus para ser salvo8.
1. Gên. 2:15-17; 3:8-10; Ecl. 7:29
2. Gên. 3; Rom. 5:12-19; Ef. 2:12; Rom. 3:23
3. Gên. 3:12; Rom. 5:12; Sal. 51:15; Is. 53:6; Jer. 17:5; Rom. 1:18-27; 3:10-19; 7:14-25; Gál. 3:22; Ef. 2:1-3
4. Sal. 51:4; Mat. 6:14; Rom. 8:7-22
5. Mat. 6:14,15; 18:21-35; I Cor. 8:12; Tiago. 5:16
6. João. 3:36; 16:9; I João 5:10-12
7. Rom. 5:12-19; 6:23; Ef. 2:5; Gên. 3:18; Rom. 8:22
8. Rom.3:20; Gál.3:10,11; Ef. 2:8,9

V – Salvação
A salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor.1 O preço da redenção eterna do crente foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do seu sangue na cruz.2 A salvação é individual e significa a redenção do homem na inteireza do seu ser.3 É um dom gratuito que Deus oferece a todos os homens e que compreende a regeneração, justificação, a santificação e a glorificação.4
1. Sal. 37:39; Is. 55:5; Sof. 3:17; Tito. 2:9-11; Ef. 2:8,9; At. 15:11; 4:12
2. Is. 53:4-6; I Ped. 1:18-25; I Cor. 6:20; Ef. 1:7; Apoc. 5:7-10
3. Mat. 116:24; Rom. 10:13; I Tess. 5:23,24; Rom. 5:10
4. Rom. 6:23; Heb. 2:1-4; João 3:14; I Cor. 1:30; At. 11:18

A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É obra do Espírito Santo em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. Nesse ato o novo crente é batizado no Espírito Santo, é por ele selado para o dia da redenção final, e é liberto do castigo eterno dos seus pecados.1 Há duas condições para o pecador ser regenerado: arrependimento e fé. O arrependimento implica em mudança radical do homem interior, por força do que ele se afasta do pecado e se volta para Deus. A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador e a total entrega da personalidade a ele por parte do pecador.2 Nessa experiência de conversão o homem perdido é reconciliado com Deus, que lhe concede perdão, justiça e paz.3
1. Deut. 30:6; Ez. 36:26; João 3:3-5; I Ped. 1:3;
II Cor. 5:17; Ef. 4:20-24
2. Tito. 3:5; Rom. 8:2; João 1:11-13; Ef. 4:32; At. 11:17
3. II Cor. 1:21,22; Ef. 4:30; Rom. 8:1; 6:22

A justificação, que ocorre simultaneamente com a regeneração, é o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absorve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens.1 Essa graça é concedida não por causa de quaisquer obras meritórias praticadas pelo homem mas por meio de sua fé em Cristo.2
1. Is. 53:11; Rom. 8:33; 3:24
2. Rom. 5:1; At. 13:19; Mat. 9:6; II Cor. 5:31; I Cor. 1:30
3. Gál. 5:22; Fil. 1:9-11

A santificação é o processo que, principiando na regeneração, leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida e o habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita.1 Ela ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta através de um caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito, bem como por uma vida de testemunho fiel e seviço consagrado a Deus e ao próximo.2
1. João 17:17; I Tess. 4:3; 5:23; 4:7
2. Prov. 4:18; Rom. 12:1,2; Fil. 2:12,13; II Cor. 7:1; 3:18;
Heb. 12:14; Rom. 6:19

A glorificação é o ponto culminante da obra da salvação.1 É o estado final, permanente, da felicidade dos que são redimidos pelo sangue de Cristo.2
1. Rom. 8:30; II Ped. 1:10,11; I João 3:2; Fil. 3:12; Heb. 6:11
2. I Cor. 13:12; I Tess. 2:12; Apoc. 21:3,4

VI – Eleição
Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a riqueza da sua graça.1 Antes da criação do mundo, Deus, no exercício da sua soberania divina e à luz de sua presciência de todas as coisas, elegeu, chamou, predestinou, justificou e glorificou aqueles que, no correr dos tempos, aceitariam livremente o dom da salvação.2 Ainda que baseada na soberania de Deus, essa eleição está em perfeita consonância com o livre-arbítrio de cada um e de todos os homens.3 A salvação do crente é eterna. Os salvos perseveram em Cristo e estão guardados pelo poder de Deus.4 Nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus.5 O novo nascimento, o perdão, a justificação, a adoção como filhos de Deus, a eleição e o dom do Espírito Santo asseguram aos salvos a permanência na graça da salvação.6
1. Gên. 12:1-3; Ex. 19:5,6; Ez. 36:22,23,32; I Ped. 1:2;
Rom. 9:22-24; I Tess. 1:4
2. Rom. 8:28-30; Ef. 1:3-14; II Tess. 2:13,14
3. Deut. 30:15-20; João 15:16; Rom. 8:35-39; I Ped. 5:10
4. João. 3:16,36; João 10:28,29; I João 2:19
5. Mat. 24:13; Rom. 8:35-39
6. João 10:28; Rom. 8:35-39; Jud. 24

VII – Reino de Deus
O reino de Deus é o domínio soberano e universal de Deus e é eterno.1 É também o domínio de Deus no coração dos homens que, voluntariamente, a ele se submetem pela fé, aceitando-o como Senhor e Rei. É, assim, o reino invisível nos corações regenerados que opera no mundo e se manifesta pelo testemunho dos seus súditos.2 A consumação do reino ocorrerá com a volta de Jesus Cristo, em data que só Deus conhece, quando o mal será completamente vencido e surgirão o novo céu e a nova terra para a eterna habitação dos remidos com Deus.3
1. Dan. 2:37-44; Is. 9:6,7
2. Mat. 4:17; Luc. 17:20; 4:43; João 18:36; 3:3-5
3. Mat. 25:31-46; I Cor. 15:24; Apoc. 11:15

VIII – Igreja
Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé. É nesse sentido que a palavra "igreja" é empregada no maior número de vezes nos livros do Novo Testamento.1 Tais congregações são constituídas por livre vontade dessas pessoas com finalidade de prestarem culto a Deus, observarem as ordenanças de Jesus, meditarem nos ensinamentos da Bíblia para a edificação mútua e para a propagação do evangelho.2 As igrejas neotestamentárias são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo.3 Há nas igrejas, segundo as escrituras, duas espécies de oficiais: pastores e diáconos. As igrejas devem relacionar-se com as demais igrejas da mesma fé e ordem e cooperar, voluntariamente, nas atividades do reino de Deus. O relacionamento com outras organizações, quer seja de natureza eclesiástica ou outra, não deve envolver a violação da consciência ou o comprometimento da lealdade a Cristo e sua palavra. Cada igreja é um templo do Espírito Santo.4 Há também no Novo Testamento um outro sentido da palavra "igreja" em que ela aparece como a reunião universal dos remidos de todos os tempos, estabelecida por Jesus Cristo e sobre ele edificada, constituindo-se no corpo espiritual do Senhor, do qual ele mesmo é a cabeça. Sua unidade é de natureza espiritual e se expressa pelo amor fraternal, pela harmonia e cooperação voluntária na realização dos propósitos comuns do reino de Deus.5
1. Mat. 18:17; At. 5:11; 20:17-28; I Cor. 4:17
2. At. 2:41,42
3. Mat. 18:15-17
4. At. 20:17,28; Tito. 1:5-9; I Tim. 3:1-13
5. Mat. 16:18; Col. 1:18; Heb. 12:22-24; Ef. 1:22,23

IX- O Batismo e a Ceia do Senhor
O batismo e a ceia do Senhor são as duas ordenanças da igreja estabelecidas pelo próprio Jesus Cristo, sendo ambas de natureza simbólica.1 O batismo consiste na imersão do crente em água, após sua pública profissão de fé em Jesus Cristo como Salvador único, suficiente e pessoal.2 Simboliza a morte e sepultamento do velho homem e a ressurreição para uma nova vida em identificação com a morte, sepultamento e a ressurreição do Senhor Jesus Cristo, que é também prenúncio da ressurreição dos remidos.3 O batismo, que é condição para ser membro de uma igreja, deve ser ministrado sob a invocação do nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.4 A ceia do Senhor é uma cerimônia da igreja reunida, comemorativa e proclamadora da morte do Senhor Jesus Cristo, simbolizada por meio dos elementos utilizados: O pão e o vinho.5 Neste memorial o pão representa seu corpo dado por nós no Calvário e o vinho simboliza seu sangue derramado.6 A ceia do Senhor deve ser celebrada pelas igrejas até a volta de Cristo e sua celebração pressupõe o batismo bíblico e o cuidadoso exame íntimo dos participantes.7
1. Mat. 3:5,6,13-17; João 3:22,23; 4:1,2; I Cor. 11:20,23-30
2. At. 2:41,42; 8:12,36-39; 10:47,48
3. Rom. 6:3-5; Gál. 3:27; Col. 2:12
4. Mat. 28:19; At. 2:38,41,42; 10:48
5 e 6. Mat. 26:26-29; I Cor. 10:16,17-21; 11:23-29
7. Mat. 26:29; I Cor. 11:26-28; At. 2:42; 20:4-8

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